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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

a world in a grain of sand

...

Sofia
04
Nov22

Não é que tenha perdido a vontade de escrever, mas tudo passa agora muito rápido e, sem darmos por isso, nós vamos agarrados a esse comboio rápido. Escrever obriga-nos a sair desse comboio por momentos. Somos obrigados a desacelerar e sair numa das paragens. Quando preciso de desacelerar, penso e escrevo. Às vezes penso no que escreveria e isso é um problema porque significa que não estou a aproveitar bem o momento de pausa e imersão.

Fala-se imenso em desacelerar, mas fala-se em demasia. Fala-se de tudo em demasia, até à exaustão. Os extremos nunca me pareceram bons, por isso, parece-me melhor tentarmos manter-nos no centro. Mas isso também cansa, sobretudo se não estivermos habituados. Os nossos pés dançarinos tentam manter-nos equilibrados, mas não é fácil levar com o que vem da cada lado.

Tirando esta sensação de demasiada aceleração e os outros problemas nacionais e mundiais que nos afligem a todos de alguma forma, não posso dizer que esteja mal.

Desde que mudei de trabalho que tenho mais tempo para mim e para os meus. Apesar de ter logo sentido melhorias, só agora as coisas ficaram mais organizadas. Depois de ter estado tanto tempo em teletrabalho, mudar de emprego e voltar ao trabalho presencial implicou organizar-me melhor e ter um maior planeamento de tarefas. No início, não foi fácil. Organizar as refeições como fazia antigamente parecia-me extremamente difícil no início. Dei comigo a pensar que antes da pandemia tinha uma espécie de poderes especiais e não sabia. Tretas, claro! Agora sinto que as coisas acalmaram.

Ainda assim, não me sinto tão calma como gostaria. O tal comboio que não pára é terrível. Tento ter calma e levar um dia de cada vez, como já aprendi a fazer antes.

No mês passado participei na corrida da ponte Vasco da Gama, mas fui a andar, porque nunca fui de correr nem estava preparada para isso. Fez-me bem. Fui obrigada pelo meu namorado que tinha uma inscrição dupla, mas ele fez bem em inscrever-me. Para além da escrita, andar, mesmo quando já se sente cansaço, é daquelas coisas que me faz bem.

Recentemente, tive de ir à estação de Entrecampos porque não me apercebi que o meu passe estava prestes a expirar. Fui fazer o pedido de passe com urgência. Não ia para aqueles lados há imenso tempo. Durante a faculdade, a estação de Entrecampos fazia parta do meu dia-a-dia. Depois, quando comecei a trabalhar, continuei a sair nessa estação para depois apanhar o metro. Entretanto, as mudanças de emprego foram-me afastando daquela estação e, ao lá voltar, fiquei grata por isso. O problema não é a estação, mas a cidade no geral. Por muito que ame a minha Lisboa, fico feliz por já só lá ir praticamente de passeio. Tinha-me esquecido de como era a confusão e a enorme quantidade de pessoas. Não é que não veja muita gente nos transportes quando vou para o trabalho, mas o ritmo não é o mesmo. Apesar de tudo, o meu dia-a-dia é muito mais calmo do que se tivesse de ir todos os dias para Lisboa.

No meio de tudo, há que ficar grata pelo que vai acontecendo e sorrir.