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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

Não poderás viver se não te permitires / cair do céu estrelado como um meteoro

Sofia
12
Set21

Não poderás viver se não te permitires
cair do céu estrelado como um meteoro
em direcção à Terra. Os anos avançam
velozes e na crosta querem-se crateras.

A vida quer anéis de gelo, rochas e pó.
Quer explosões, luz, escuridão e
núcleos incandescentes. Quer ressoar,
quer ressonâncias, um vibrar constante
no tempo incontável e no espaço infinito.

Ana Sofia Alves
12 de Setembro de 2021

Enquanto a noite não vem

Sofia
12
Set21

Enquanto a noite não vem,
vamos escrever prosas em círculos
e registar no vento todos os desejos que
queremos levar connosco pela noite fora.

Enquanto não anoitece,
sejamos pássaros de asas abertas
que se perdem no azul do céu,
sejamos livres longe do caos,
longe das ruínas, dos pedaços de destruição.

Quando anoitecer,
sejamos parte da natureza,
um só caule que cresce em direcção ao céu,
uma raiz que se alonga por toda a terra,
uma flor que dá cor aos dias mais sombrios.

Nas ruínas da civilização, sejamos o recomeço
como as sementes na terra.
Quando já não houver mais do que a luz das estrelas,
façamos parte das constelações e, se tivermos de nos apagar,
que a nossa queda seja a queda de uma estrela cadente.

Ana Sofia Alves
7 de Setembro de 2021

Sonhei com as fitas azuis dos poetas

Sofia
27
Jul21

Sonhei com as fitas azuis dos poetas

e os mastros de madeira dos navios

que se perdiam no mar como gente

se perde no mundo para se conseguir

achar. Sonhei com quadros de nuvens

e achei que eram rios de amor

que caminham em direcção ao mar.

 

Os sonhos são delicados como as

nuvens no céu ou as pinceladas

que os pintores deixam nas telas.

Leves são as cores e o movimento.

Há quadros que se constroem com

pequenos nadas e salpicos no papel,

sonhos que ganham forma nas cerdas

de um pincel ou no arco de um violino.

 

27 de Julho de 2021

Ana Sofia Alves

Chamávamo-nos silêncio

Sofia
19
Jul21

Chamávamo-nos silêncio
Ouvíamo-nos em toda a parte
E acordávamos em nós depois
Das longas noites despidas
De madrugada, o suor escorria-nos pelos peitos nus
E os olhos abriam-se lentamente
para depois se afundarem na escuridão do quarto.
Chamávamo-nos paixão
Tudo era burburinho, ruído de fundo
Éramos o silêncio no meio do mundo
Cai o pano e as pálpebras abrem-se já cansadas
Éramos sonhos a preto e branco
Fotografias por revelar
Chamávamo-nos luz
Chamávamo-nos escuridão

 

19 de Julho de 2021
Ana Sofia Alves

Quero as horas salgadas que me prometeram ao nascer

Sofia
15
Mai21

Triumph Of Achilles, Franz Von Matsch

Triumph of Achilles, Franz von Matsch

(imagem: Wikipedia)

 

Quero as horas salgadas que me prometeram ao nascer

O Verão fresco e soalheiro da vida de um Homem

Os corpos nus como anémonas no mar, despidos

de temores, cheios de cores, vibrantes e triunfantes

Quero o fundo do mar e o mar sem fundo à vista

e um corpo que não desista e não se queira afundar

Quero um baú de histórias no fundo do fim do mundo

A sorte de ter memórias e de as poder ouvir cantar

As verdadeiras glórias que só um herói pode alcançar

 

Ana Sofia Alves

15 de Maio de 2021