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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

Setembro, Outubro e Novembro

Sofia
18
Set20

Chegaram as primeiras chuvas e o Outono está quase aí. Sinto-me ansiosa pela chegada do meu tempo favorito (tempo, não estação). Adoro o Sol, mas não me tirem o frio, o vento, a chuva e as folhas secas. Sei como pode ser aborrecido andar de guarda-chuva ou como um dia mais escuro nos pode deixar mais apáticos ou entristecidos. Ainda assim, prefiro estes dias. O mês de Setembro já vai a mais de meio e eu espero pelos próximos meses. Preciso de me renovar com as estações.

Tenho vivido muito e isso reflecte-se na pouca escrita. Continuo com a minha ideia de que enquanto vivo, mal escrevo e enquanto escrevo, mal vivo...

Apetece-me escrever algo mais. Enquanto não o faço, aproveito para partilhar um poema de há um ano atrás.

Tenho uma boa noite e um fim-de-semana feliz! 

 

 

A sala tinha um candelabro de lágrimas 

e o teu nome escrito nas paredes. 

Eras Setembro, Outubro, Novembro, 

um ano inteiro. 

 

A sala estava cheia de ti, 

eu fazia dos meus olhos velhos candelabros, 

só as palavras se mantinham as mesmas. 

 

Havia luz, 

uma luz alaranjada, 

típica dos finais de tarde. 

Nas lágrimas nasciam labaredas 

que queimavam o teu nome 

escrito nas paredes. 

 

Anoiteceu. 

A lua mergulhou naquela sala. 

No silêncio da noite 

ouvi o eco do teu nome

ainda aceso nas paredes. 

 

Ana Sofia Alves

14 de Setembro de 2019 

Pensamento do Dia #6

Sofia
15
Ago20

Choveu aqui no burgo e eu lembrei-me de um dia, na quarentena, ter começado a chover e eu ter visto uma série janelas a abrirem-se para as pessoas tirarem a roupa do estendal. Fui tudo tão rápido e sincronizado que me ficou na memória. (Isto bem explorado dava uma cena engraçada, talvez num musical. Sim, já estou com ideias tolas.)

Hoje, ou não estão tantas pessoas em casa ou não querem saber ou nem se aperceberam. Não sei se ainda chove ou se foi apenas algo temporário. Apenas vi uma das senhoras dos quintais da frente a ir buscar a roupa ao estendal. Isto de observar a vida alheia parece horrível, mas é isto que vejo quando olha pela janela. Prédios e quintais. Gosto sobretudo dos quintais porque têm árvores e há cães e gatos que brincam contentes. Há também um galo e umas galinhas. Antigamente, costumava ouvir o galo a cantar mas não sabia onde estava. Foi num dia de quarentena, enquanto trabalhava, que reparei no malandro aos saltinhos num dos quintais. Reparei que, com a quarentena, houve um quintal que ficou mais arranjado. Comecei a ver a dona de enxada na mão e o quintal a ganhar alguma cor. Bonito.

Não faço isto porque me interesse por saber a vida dos outros. Faço-o despretensiosamente porque sou bastante observadora e porque gosto de contemplar o que está à minha volta. Não me interessam as janelas e o que está lá dentro, mas gosto de ver os quintais com as suas árvores e plantas verdes. Aconteceu-me ver a senhora no quintal por acaso (não bem por acaso porque o quintal é dela). O pior é quando estou a olhar pela janela e parece que alguém numa janela do outro lado está a olhar para a minha casa. Ainda por cima não tenho cortinados porque não sou grande fã...