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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

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um mundo num grão de areia

Feliz Páscoa

Sofia
20
Abr25

A Primavera parece tardia. Bem sei que "Abril, águas mil", mas os dias de Sol deixam-nos todos mais bem-dispostos.

O sol vai espreitando e presenteia-nos com alguns momentos mais agradáveis. Pouco depois volta a chuva.

Mas está bom assim. Tenho aprendido a ser mais paciente. Vou estando por causa mais tempo desde que me lesionei. Saio quase todos os dias para a fisioterapia, mas não muito mais.

Vou aproveitando para fazer calmamente limpezas de Primavera. Com calma porque o joelho não está bom. Não sei se me vou safar de uma cirurgia, mas já me mentalizei que o importante é ir fazendo o que me é recomendado, não stressar e depois logo vemos. O importante é recuperar e fazer o que depende de mim. É frustrante tentar esticar a perna toda e depois não conseguir, mas cada coisa a seu tempo. Preciso de me relembrar frequentemente de que a paciência faz parte do processo.

Este Domingo de Páscoa pouco soalheiro está bom para me aconchegar junto do namorado e das gatas. Que seja um dia calmo e aconchegante. Isso já será muito bom.

Feliz Páscoa a todos os que por aqui passam!

 

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Lilly e Maria, numa rara ocasião em que estavam a dormir juntas.

Por aqui não temos coelhinhos de Páscoa, só mesmo duas gatas que nos enchem o coração de amor.

...

Sofia
30
Mar25

Quando não estamos fechados entre quatro paredes ou quatro linhas de um ecrã, muita coisa acontece, coisas boas ou más. A vida acontece.

E assim se passam dias, meses, anos.

 

And some things that should not have been forgotten were lost. History became legend. Legend became myth. And for two and a half thousand years, the ring passed out of all knowledge.

J. R. R. Tolkien, The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring

 

Agora vou percebendo melhor aquelas histórias que os mais velhos repetem porque os marcam. Com a velocidade dos anos, percebo ainda melhor o brilho nos olhos ao recordar memórias felizes. Também percebo a aceitação do que de menos bom nos acontecesse e que, todavia, faz de nós aquilo que somos. Percebo os queixumes das nossas maleitas e, no fim, a nossa aceitação com um "graças a Deus, podia ter sido pior". E nem religiosa sou. Mas quem diz "graças a Deus", diz um "valha-nos isso" ou uma outra qualquer expressão de gratidão para com o universo. Vou compreendendo melhor esta sensação de força e de esperança que nos faz seguir em frente, mesmo no meio das adversidades.

Ora, espero num próximo retorno contar sobre a minha viagem mal planeada a Marselha. Já a tinha mencionado no meu último post, mas depois passaram-se mais coisas, porque a vida nunca pára. O meu namorado foi diagnosticado com diabetes. Uma das minhas gatas foi diagnosticada com diabetes. (Não, não andávamos a atacar potes com rebuçados.  Agora já podemos fazer piadas porque as coisas já estão controladas e o humor torna os dias mais leves.) Tivemos uma viagem de sonho a Turim onde pudemos juntar o sonho de conhecer Itália com o de ver o nosso Benfica no estrangeiro. Fica aqui registada a vontade de falar sobre Turim, depois de Marselha.

Fevereiro passou a correr e quando dei por mim, cheguei a Março e espatifei-me - literalmente. Caí na nossa bela calçada portuguesa e rompi o menisco. Vale-me o teletrabalho para não ficar em casa só a olhar para o ar. Não é que me faltem livros para ler e filmes e séries para ver, mas o trabalho, mesmo nos dias menos entusiasmantes, faz-me falta e mantém-me a cabeça ocupada, sobretudo agora que dou comigo farta de tanto repouso por causa do joelho. Passei assim mais um aniversário em casa, desta vez para repousar a perna. Sempre é melhor que estar confinada por causa de um vírus.

Vou ter uma nova consulta esta semana e só espero pelo melhor. Pelo menos, a minha gata Maria já está de volta depois de ter estado internada por causa da diabetes. Felizmente, apesar do internamento, foi por uma boa causa - reduziu a toma de insulina diária. Falaram-nos que pode acontecer os gatos com diabetes entrarem em remissão. Ainda é cedo, mas o mau que nos levou ao veterinário acaba por ter algo de bom.

Dançar na Corda Bamba

Sofia
01
Nov24

Não me esqueci de que tenho um blog. Simplesmente não tenho tido muita vontade e paciência para aqui escrever.

Acabo por ir lendo o que se vai escrevendo por estes lados, mas opto por ficar no meu canto, em silêncio. Às vezes é preciso isso mesmo. Ficar em silêncio e ouvir apenas os nossos pensamentos. Continuo a achar que vivemos num tempo cheio de pressa, barulho e confusão. Eu própria tento viver ao máximo e aproveitar tudo e dou comigo, algumas vezes, a precisar de parar e descansar. Chegada a casa, tento abstrair-me disso e aproveitar o meu sossego na companhia das minhas gatas e do meu companheiro de vida.

As notícias entram-nos em casa pelos ecrãs. Do televisor. Dos telemóveis. Outras vezes, entram-nos pelas palavras que se ouvem na rádio. A maioria das vezes, trazem consigo a confusão dos dias em que vivemos. Não dá para evitar tudo o que nos aflige, porque fazemos parte de um mundo cada vez mais ligado entre si. Podemos, contudo, dosear a nossa exposição ao que nos aflige. Já diziam os Clã, dançar na corda bamba.

Hoje senti vontade de aqui voltar, de deixar pelo menos umas palavras. Porque o silêncio não pode ser eterno. Porque o silêncio só é bom se nos fizer ir mais além, se for uma semente em crescimento que desabrocha com palavras amadurecidas pelo tempo.

Talvez cá volte para partilhar as coisas boas que vão aparecendo. As más nunca gostei de partilhar. Todos nós vivemos experiências más individuais e colectivas. Gosto de aproveitar este espaço para alguma instropecção intrometida, mas intrometer-me nas vossas vidas como uma folha de Outono que cai de uma árvore - com alguma beleza, um pouco sem jeito, mas leve, sem grandes tristezas ou alegrias exacerbadas. Às vezes deixo-me levar pelas emoções mais fortes, mas também é preciso.

Este ano tem sido recheado de emoções. Alguns concertos e livros que me encheram a alma. Uma viagem mal planeada que renovou o meu entusiasmo por conhecer coisas novas e praticar línguas estrangeiras. Um trabalho que se mantém mas que me tem permitido crescer. (Omiti as coisas más, como já se percebeu. Felizmente, não são muitas e, comparando com tudo o que se vai passando no mundo, não são nada.)

 

Clã - Dançar na Corda Bamba

Muda de Vida

Sofia
15
Ago23

Passou meio ano desde a última vez em que aqui estive a escrever. Podia dizer que passou rápido, mas a intensidade faz-me viver todos os momentos de forma não tão fugaz.

Sinto-me feliz e a recuperar a minha vida. Tinha-me inscrito no ginásio, mas falhei muitas das idas, apesar de fazer exercício em casa. À medida que o tempo passa, as coisas mudam. Também eu mudei e criei novos hábitos que antes pareciam não resultar.

Voltei a ir a concertos. Este mês também fomos ao teatro (ver O Diário de Anne Frank - recomendo). Não ia ao teatro há anos e senti-me imensamente feliz, sobretudo por estar a voltar ao Teatro Maria Matos, o teatro da minha infância. Foram imensas recordações de momentos de magia. Lembrei-me das imensas peças do TIL que tinha visto em criança e o meu coração encheu-se de alegria. Enquanto recordava, o David perguntava-me "Ainda te lembras disso tudo?". Lembro-me e espero continuar a lembrar-me sempre se a vida mo permitir. Porque as memórias felizes merecem ser parte do nosso jardim, embelezar os nossos dias e fazer-nos florir.

No mês passado fui ao médico. Descobri que o meu médico de família se reformou e que fiquei sem médico de família. Faço agora parte das estatísticas negativas. Ainda assim, consegui ir a uma consulta. As minhas enxaquecas teimavam em não desaparecer. Não sou médica, mas conheço o meu corpo e sentia que não era apenas stress. A consulta com uma médica diferente deu-me esperança. Talvez fosse a pílula que tomava. As enxaquecas intensas, às vezes com náuseas e vómitos, aconteciam sempre na semana em que fazia a pausa da pílula. Nunca tinha tido problemas, mas o corpo também muda. Estou agora num novo período de mudança e, se tudo correr bem, as enxaquecas ficarão para trás e poderei voltar a levar a minha vida sem aquele latejar horrível. Faz hoje um mês que troquei de pílula e parece-me que estou no bom caminho.

A consulta foi mais marcante do que pensava. Saí de lá com esperança de ultrapassar algo que me atormentava desde que tive Covid e com enorme vontade de recuperar a minha vida e os hábitos saudáveis. Preciso de perder peso e, apesar de o saber, não estava a conseguir comprometer-me comigo mesma. Depois da consulta, cheia de esperança de que tudo ia mudar, levei-me mais a sério e as coisas começaram a mudar. Não tenho ido ao ginásio, mas quase todos os dias faço exercícios em casa. Instalei uma app chamada FitOn e já não tenho desculpas de me faltar tempo. Nos dias mais atarefados, retiro pelo menos 10 minutos para mim, sem culpas por não ir ao ginásio ou não fazer algo mais intenso. Os dias não são todos iguais e o mais importante é manter-me consistente. Isto é o amor-próprio. Com foco em mexer-me mais e em ter mais cuidado com a alimentação, já consegui perder 6kg. No passado, já tinha perdido muito peso, mas depois de ter ganho tanto peso quando ficámos fechados em casa, parecia-me difícil voltar a ser capaz, especialmente quando me ia abaixo devido às enxaquecas.

São pequenas conquistas que nos fazem chegar longe. Hoje volto a escrever para mais tarde me recordar e para dizer que estou bem. Estou a cuidar de mim e a tentar viver com intensidade e todas as minhas forças.

 

Humanos - Muda de Vida

Pensamento do Dia #11

Sofia
11
Fev23

Sabes que a tua vida voltou ao normal e que a covid parece uma coisa já mais distante quando:

- Já sais de casa normalmente e tens de novo uma rotina casa-trabalho ;

- Voltas a ver a cara das pessoas com quem falas ou te cruzas (algumas vês pela primeira vez) ;

- Voltas a inscrever-te no ginásio (e que bem que me fez esta semana regressar );

- Voltas a ter jantares com a família ou com amigos e ainda dás mais valor a isso ;

- Voltas a ir ao Estádio da Luz e agora até vais apoiar o teu clube em várias modalidades ;

- Voltas a compras bilhetes para espectáculos / concertos ;

- Voltas a sofrer com as greves de transportes  (E estás tão farta que decides descarregar o stress numa bela caminhada de um pouco mais de 1h do trabalho até casa. Já tinha passado talvez mais de metade da caminhada quando fui ver a minha irmã que me deu um copo de água e tupperwares com comida para o jantar  Saí a correr para tentar ver se o autocarro desaparecido aparecia e sempre chegava mais rápido a casa. Apareceu! )

 

Tenham um excelente fim-de-semana!