Num mundo tão ligado e frenético, parar e desligar faz falta. Não é preciso, contudo, romantizar o apagão.
Correu bem e a energia voltou, mas não há nada de poético numa coisa tão grave.
Podemos desligar se quisermos. Cada um poderá questionar-se porque não o faz e se quer ou não passar a fazê-lo mais frequentemente e por decisão própria.
Foi um dia... Se fosse mais tempo, as coisas poderiam não ter corrido tão bem, o caos poderia ser muito maior. Fico feliz que muitos possam ter sentido calma e felicidade num momento de alerta. Eu também fiz por manter a calma. É preciso manter a calma, mas não precisamos de nos enganar a nós mesmos e tornar esta experiência uma bênção. Areia para os olhos já nós a temos vinda de muitos lados... Que seja antes um alerta e uma lição.
Sinto que temos de melhorar a resposta a situações de emergência e a preparação individual e colectiva. Acho que também é importante nunca nos esquecermos: não podemos dar nada por garantido e há que valorizar o que se tem.
A Primavera parece tardia. Bem sei que "Abril, águas mil", mas os dias de Sol deixam-nos todos mais bem-dispostos.
O sol vai espreitando e presenteia-nos com alguns momentos mais agradáveis. Pouco depois volta a chuva.
Mas está bom assim. Tenho aprendido a ser mais paciente. Vou estando por causa mais tempo desde que me lesionei. Saio quase todos os dias para a fisioterapia, mas não muito mais.
Vou aproveitando para fazer calmamente limpezas de Primavera. Com calma porque o joelho não está bom. Não sei se me vou safar de uma cirurgia, mas já me mentalizei que o importante é ir fazendo o que me é recomendado, não stressar e depois logo vemos. O importante é recuperar e fazer o que depende de mim. É frustrante tentar esticar a perna toda e depois não conseguir, mas cada coisa a seu tempo. Preciso de me relembrar frequentemente de que a paciência faz parte do processo.
Este Domingo de Páscoa pouco soalheiro está bom para me aconchegar junto do namorado e das gatas. Que seja um dia calmo e aconchegante. Isso já será muito bom.
Feliz Páscoa a todos os que por aqui passam!
Lilly e Maria, numa rara ocasião em que estavam a dormir juntas.
Por aqui não temos coelhinhos de Páscoa, só mesmo duas gatas que nos enchem o coração de amor.
Não me esqueci de que tenho um blog. Simplesmente não tenho tido muita vontade e paciência para aqui escrever.
Acabo por ir lendo o que se vai escrevendo por estes lados, mas opto por ficar no meu canto, em silêncio. Às vezes é preciso isso mesmo. Ficar em silêncio e ouvir apenas os nossos pensamentos. Continuo a achar que vivemos num tempo cheio de pressa, barulho e confusão. Eu própria tento viver ao máximo e aproveitar tudo e dou comigo, algumas vezes, a precisar de parar e descansar. Chegada a casa, tento abstrair-me disso e aproveitar o meu sossego na companhia das minhas gatas e do meu companheiro de vida.
As notícias entram-nos em casa pelos ecrãs. Do televisor. Dos telemóveis. Outras vezes, entram-nos pelas palavras que se ouvem na rádio. A maioria das vezes, trazem consigo a confusão dos dias em que vivemos. Não dá para evitar tudo o que nos aflige, porque fazemos parte de um mundo cada vez mais ligado entre si. Podemos, contudo, dosear a nossa exposição ao que nos aflige. Já diziam os Clã, dançar na corda bamba.
Hoje senti vontade de aqui voltar, de deixar pelo menos umas palavras. Porque o silêncio não pode ser eterno. Porque o silêncio só é bom se nos fizer ir mais além, se for uma semente em crescimento que desabrocha com palavras amadurecidas pelo tempo.
Talvez cá volte para partilhar as coisas boas que vão aparecendo. As más nunca gostei de partilhar. Todos nós vivemos experiências más individuais e colectivas. Gosto de aproveitar este espaço para alguma instropecção intrometida, mas intrometer-me nas vossas vidas como uma folha de Outono que cai de uma árvore - com alguma beleza, um pouco sem jeito, mas leve, sem grandes tristezas ou alegrias exacerbadas. Às vezes deixo-me levar pelas emoções mais fortes, mas também é preciso.
Este ano tem sido recheado de emoções. Alguns concertos e livros que me encheram a alma. Uma viagem mal planeada que renovou o meu entusiasmo por conhecer coisas novas e praticar línguas estrangeiras. Um trabalho que se mantém mas que me tem permitido crescer. (Omiti as coisas más, como já se percebeu. Felizmente, não são muitas e, comparando com tudo o que se vai passando no mundo, não são nada.)
Sabes que a tua vida voltou ao normal e que a covid parece uma coisa já mais distante quando:
- Já sais de casa normalmente e tens de novo uma rotina casa-trabalho ;
- Voltas a ver a cara das pessoas com quem falas ou te cruzas (algumas vês pela primeira vez) ;
- Voltas a inscrever-te no ginásio (e que bem que me fez esta semana regressar );
- Voltas a ter jantares com a família ou com amigos e ainda dás mais valor a isso ;
- Voltas a ir ao Estádio da Luz e agora até vais apoiar o teu clube em várias modalidades ;
- Voltas a compras bilhetes para espectáculos / concertos ;
- Voltas a sofrer com as greves de transportes (E estás tão farta que decides descarregar o stress numa bela caminhada de um pouco mais de 1h do trabalho até casa. Já tinha passado talvez mais de metade da caminhada quando fui ver a minha irmã que me deu um copo de água e tupperwares com comida para o jantar Saí a correr para tentar ver se o autocarro desaparecido aparecia e sempre chegava mais rápido a casa. Apareceu! )
Ontem encomendámos comida indiana para o jantar. Como não estávamos muito virados para a cozinha e precisávamos de algo quentinho e reconfortante, optámos por dar a nossa ajuda a um dos restaurantes de que gostamos muito.
Uma vez em que lá fomos comemos um prato que adorámos, mas nunca nos lembramos do seu nome e, em vez de perdermos tempo a pesquisar (se calhar é o que as pessoas mais normais fazem), temo-nos divertido com tiros no escuro. Ontem foi o segundo tiro no escuro ao tentarmos acertar no prato que comemos em tempos. Da primeira vez que tentámos encomendar esse prato acabámos por descobrir o Tandoori Chicken. Nunca o tínhamos comido e foi uma agradável surpresa. O mais provável é que nunca o fossemos escolher no meio de tantas opções, por isso ainda bem que andávamos a tentar descobrir o outro prato. Ontem foi também uma boa descoberta: Chicken Biryani. De facto, foi um prato super reconfortante para uma noite fria.
Por momentos, pensámos que a encomenda não ia chegar. Primeiro, o restaurante estava um pouco demorado. Depois, quando o nosso pedido já tinha um estafeta associado, vimos que o estafeta tinha no seu perfil a nota de que o seu prato favorito era Chicken Biryani. Olha lá, esta senhor tem como comida favorita aquilo que encomendámos. Será que a comida vai chegar? Como houve uma demora pouco habitual, o estafeta desistiu e apareceu um novo que tinha no seu perfil a nota de que a sua comida favorita era comida indiana. Mesmo com os percalços e o medo de que o jantar desaparecesse no caminho (brincadeira, claro), o Chicken Biryani com o maravilhoso Naan chegaram. O estafeta pediu-nos desculpa pela demora e explicou-nos, enquanto fazia um ar feliz, que o restaurante estava com muitos pedidos. Ainda bem! Infelizmente estamos a viver uma crise que parece ter vindo para ficar e piorar. É bom saber que mais pessoas continuam a ir comer a restaurantes ou a encomendar.
De alguma forma temos de conseguir que as coisas funcionem. Não podemos despreocupar-nos, mas não podemos parar tudo. Esta é uma luta colectiva em que cada um individualmente pode ajudar os outros de algum modo. Talvez por isso seja também tão complicado... Quem nunca viu ou teve de jogar com um fussangueiro na equipa? Aqui os fussos podem estar nos dois lados. Preocupa-me e entristece-me quando vejo pessoas umas contra as outras e o extremismo a tirar o lugar ao bom senso, umas vezes talvez por medo, outras por egoísmo, outras por maldade...
Para quem é da linha de Sintra, o restaurante de que falei é o Namastey India, em Massamá. Já lá fui algumas vezes e também já tinha encomendado de lá mais vezes. Os funcionários são bastante simpáticos e a comida muito saborosa. Nunca me desiludiu. Com as alterações que tiveram de ser tomadas por causa da pandemia, não sei como é que o restaurante estará fisicamente, mas a comida recomenda-se.