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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

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um mundo num grão de areia

Um poema para cada mês - Março 2021

Sofia
03
Jan21

Março é para mim um mês especial por ser o mês do meu aniversário. Por esta razão, a escolha que trago é uma escolha de celebração e ainda mais pessoal que as anteriores. Para mim, descobrir o poema "Song of Myself" foi reconhecer um sentimento que já existia em mim mas que ainda não se tinha manifestado. Foi um ponto de viragem. Actualmente, é fácil perceber que o meu êxtase pela vida se soltou e ganhou expressão depois de ler este poema. Hoje celebro o universal e a individualidade, a vida e a morte, os dias e as noites sabendo que sou tudo isso.

Como é extenso, escolhi deixar apenas algumas partes, esperando que sejam o suficiente para vos fazer reflectir e ir mais além.

 

Song of Myself

 

I celebrate myself, and sing myself,
And what I assume you shall assume,
For every atom belonging to me as good belongs to you.
 
I loafe and invite my soul,
I lean and loafe at my ease observing a spear of summer grass.
 
My tongue, every atom of my blood, form’d from this soil, this air,
Born here of parents born here from parents the same, and their parents the same,
I, now thirty-seven years old in perfect health begin,
Hoping to cease not till death.
 
(...)
 
Stop this day and night with me and you shall possess the origin of all poems,
You shall possess the good of the earth and sun, (there are millions of suns left,)
You shall no longer take things at second or third hand, nor look through the eyes of the dead, nor feed on the spectres in books,
You shall not look through my eyes either, nor take things from me,
You shall listen to all sides and filter them from your self.
 
(...)
 
They are alive and well somewhere,
The smallest sprout shows there is really no death,
And if ever there was it led forward life, and does not wait at the end to arrest it,
And ceas’d the moment life appear’d.
 
All goes onward and outward, nothing collapses,
And to die is different from what any one supposed, and luckier.
 
(...)
 
I am the poet of the Body and I am the poet of the Soul,
The pleasures of heaven are with me and the pains of hell are with me,
The first I graft and increase upon myself, the latter I translate into a new tongue.
 
I am the poet of the woman the same as the man,
And I say it is as great to be a woman as to be a man,
And I say there is nothing greater than the mother of men.
 
(...)
 
The past and present wilt—I have fill’d them, emptied them,
And proceed to fill my next fold of the future.
 
Listener up there! what have you to confide to me?
Look in my face while I snuff the sidle of evening,
(Talk honestly, no one else hears you, and I stay only a minute longer.)
 
Do I contradict myself?
Very well then I contradict myself,
(I am large, I contain multitudes.)
 
 
Walt Whitman

Haverá sempre manhãs

Sofia
11
Out20

Haverá manhãs melhores que as manhãs de Domingo? Não sei, mas para mim as manhãs de Domingo sempre tiveram um sabor especial. Talvez por poder dormir mais por não existirem compromissos e, por conseguinte, acordar despreocupada... Talvez por saber que ainda há todo um dia pela frente para descansar e / ou organizar-me... Sempre gostei dos Domingos. Mas eu gosto de muitas coisas. Até das segunda-feiras consigo gostar. Talvez por serem um recomeço e eu sentir que a minha vida e a de todos é um eterno recomeço, que o mundo é feito de recomeços, que tudo vai e vem, porque é assim que as coisas são.
Ao longo do tempo, essa coisa que é, por vezes, difícil de definir e perceber, aprendi a ver o lado bom das coisas menos boas ou a ver outras coisas. Não me considero propriamente optimista. Como é que o poderia ser? Acordo de manhã e sei que tanto pode correr tudo bem como pode ser um dia terrível, mesmo que eu faça tudo pelo melhor. Ainda que o meu dia seja aparentemente perfeito, esse dia não é só meu. No mesmo dia, outros podem estar na parte de baixo da roda. Posso deixar-me contagiar pela ideia de que o dia é fantástico ou pela ideia de que o dia é terrível. Prefiro uma espécie de neutralidade com pinceladas de coisas boas e pinceladas de coisas más. Talvez o segredo seja cultivar o nosso jardim como nos diz Voltaire1.
Observo, penso e transformo. As crenças são complicadas para mim. Tenho valores basilares na minha vida e que, certamente, influenciam a minha maneira de agir, mas não me afundo em crenças várias, fico sempre à superfície, porque aquilo que parece límpido pode revelar-se um autêntico engodo, porque tudo é grande e mais complexo do que parece e o que nos parece estar certo pode afinal estar errado. Mais, há situações em que é difícil perceber o que é certo e o que é errado. Acredito em meia dúzia de coisas amorfas que me parecem universais. Gosto de pensar que existem coisas que são comuns a tudo. Gosto das palavras de Whitman ("For every atom belonging to me as good belongs to you")e talvez uma das minhas poucas crenças seja a de que fazemos todos parte de algo.
A manhã de Domingo chega ao fim, mas sei que haverá mais manhãs e mais Domingos, porque o Sol nasce e põe-se marcando o nosso passo.

 

1 - Voltaire. Cândido, ou O Optimismo

2 - Whitman, Walt. "Song of Myself". Leaves of Grass

Histórias de recomeços

Sofia
05
Set20

Desde que voltei à rotina do trabalho no escritório que não tenho andando tanto por aqui. Pensava que o recomeço fosse mais difícil, que me fosse custar imensamente acordar de novo às 6 e tal da manhã e que me fosse sentir sem energia e paciência para cozinhar e fazer algumas limpezas e arrumações. Em vez disso, tenho acordado cedo sem grandes preocupações e sinto-me com mais energia agora. Chego do trabalho e ainda tenho energia para fazer algumas limpezas e preparar as refeições. A verdade é que a minha cabeça precisava disto... E as costas também...  As cadeiras do escritório são muitos melhores do que as minhas cadeiras da sala que não estão preparadas para que uma pessoa lá esteja sentada a trabalhar durante 8 horas.

Durante este tempo em que estive ausente do blog, tive algumas novidades boas na minha vida:

- Conheci pessoas novas e conheci pessoalmente colegas com quem apenas tinha falado por email/Teams;

- Descobri uma nova rádio (Tropical FM - passa muita música brasileira de que gosto  são mais as que gosto do que as que não me interessam muito);

- Tornei-me ainda mais perita em encomendas online (Não pensei que fosse possível tornar-me mais entendida do que já era  Já fazia as compras do supermercado pela internet há uns anos, mas agora já posso fazer um post a comparar supermercados online porque já experimentei vários  Também já experimentei encomendar roupa porque precisava de comprar peças de roupa básicas e necessárias - roupa interior - que se tinham estragado devido ao uso);

- Organizei e redecorei a casa de modo a torná-la mais funcional (com ajuda das encomendas online da IKEA - não, não é publicidade, mas sou grande fã da IKEA porque tem soluções fantásticas para casas pequenas como a minha e também sustentáveis);

- Soube que o Stephen Hendry vai voltar aos torneios de snooker ;

- Comecei a ir dormir mais cedo  (tem de ser, mas não me tem custado).

 

No trabalho, sinto que as coisas melhoraram porque a recente mudança trouxe-me a organização que eu sentia estar em falta e permitiu-me sentir-me mais acompanhada pela minha empresa. Passei a estar novamente mais próxima de colegas e chefias da minha empresa, apesar de continuar a estar junto de colegas e chefias da empresa cliente - coisas do outsourcing, que não é igual em todos os lados. Tenho orgulho de estar há 3 anos numa empresa de outsourcing que sinto que se preocupa com os colaboradores e clientes, que não vê o outsourcing como trabalho temporário e que não considera as pessoas descartáveis. Quando saí do meu primeiro trabalho, senti que precisava de mudar. Tinha recebido uma proposta pelo LinkedIn e isso fez-me pensar que estava na altura de experimentar algo novo, se não, apesar da estabilidade, não ia aprender coisas novas e de outras áreas e ia arrepender-me disso no futuro. Não foi fácil abandonar o meu primeiro emprego, porque tinha colegas de equipa fantásticos e porque nunca senti que a empresa falhasse comigo, mas foi algo que tive de fazer por mim mesma. Apesar dos colegas fantásticos, estavam a ocorrer algumas mudanças internas na equipa e alguns colegas acabaram por sair ainda antes de mim, o que certamente contribuiu para a minha decisão. Tinha colegas fantásticos, mas muitos estavam a abandonar o barco... Acabei por não sair devido à proposta inicial que me tinham apresentado, mas o processo já estava iniciado e a minha mente já estava resolvida. Na mesma altura, dei de caras com um anúncio da minha actual empresa e acabei por poder escolher onde queria ficar - avisei a outra empresa de que tinha tido outra opção e que já não iria avançar com o processo de recrutamento que estava em curso. Se alguém estiver numa situação semelhante, sugiro que faça o mesmo - é uma questão de respeito para com as pessoas e para com a empresa e não custa nada. Infelizmente, sinto necessidade de deixar esta nota porque já vi casos de muitas pessoas que abandonaram processos de recrutamento ou até mesmo formações sem dizer nada a ninguém... A minha experiência de entrevistas de emprego fez-me passar a ver o recrutamento e a procura de trabalho como uma questão de negócios e, para mim, os negócios devem pautar-se de transparência e boas relações. Num negócio, há pelo menos duas partes interessadas em ganhar alguma coisa e procura-se chegar a um acordo que o permita.

Quando olho para o meu percurso profissional, sinto que tenho crescido muito e que aprendi imenso sobre muitas coisas e sobre mim. No segundo ano de mestrado, quando já só me faltava fazer a tese, apercebi-me de que a a investigação talvez não fosse o caminho a seguir. Estava a enganar-me sem ter consciência disso. Quando comecei a perceber que estava a ir pelo caminho errado, tive de parar. Primeiro, pensei que ia colocar a tese de parte apenas temporariamente. Depois, já a trabalhar, percebi não estava a ir pelo caminho certo, apesar de adorar estudar e de ter imensas questões linguísticas por responder. Se há provérbio que para mim faz todo o sentido é o "Nunca digas nunca". Não sei se um dia voltarei a aprofundar o estudo na área da Linguística, mas não posso dizer que isso nunca irá acontecer. Neste momento tenho outros interesses que descobri após começar a trabalhar e, provavelmente, se voltasse a estudar, iria optar por outras áreas. Contudo, uma coisa não invalida a outra.

A Linguística ficou de parte e comecei a procurar emprego. Esperava ouvir muitos "Nãos", mas a verdade é que não ouvi nem "Sim" nem "Não". Assim como não é bonito quem procura emprego não dizer mais nada à empresa e às pessoas que investiram tempo no seu recrutamento, também não é bonito a empresa não dar uma única resposta à nossa candidatura. No início, não enviei candidaturas para anúncios de trabalho em call centers por causa do estigma associado. Geralmente tenho muita paciência, mas fartei-me rápido de não ter nem uma resposta e decidi enviar candidaturas para call centers. Disse a mim mesma que ia evitar a área das telecomunicações que, pelo que ouvia dizer, me parecia ser a pior. A paciência esgotou-me mais rápido do que da primeira vez e lá alarguei as minhas opções e fui chamada para a minha primeira entrevista que me trouxe o primeiro emprego - na área das telecomunicações!  Descobri que gostava da área das telecomunicações, sobretudo pelo seu dinamismo, e descobri o mundo do B2B (negócios entre empresas ) que se tornou também um interesse.

Quando saí do meu primeiro trabalho, as coisas não correram logo como esperado e fiquei com medo por não conhecer a minha empresa. É estranho pensar no que aconteceu. Eu fiz escolhas, mas parecia que as coisas tinham de acontecer como aconteceram. Quando vi o anúncio da minha empresa, olhei duas vezes para ele e pensei "Não deve ser bem o que está aqui descrito". Entretanto, decidi arriscar e pensei "Só vou saber se é ou não é se for à entrevista e o pior que pode acontecer é não ser nada do que aqui está escrito". Quem me fez o recrutamento foi bastante profissional e destacou-se. Tentou-me contactar quando eu ia no metro e não consegui atender. Tentei contactar de volta e não consegui. Pensei "Ana Sofia, já foste!". Entretanto, recebi um email a questionar-me quando é que poderiam voltar a contactar-me e a deixar-me também os contactos de retorno. Acho que este email e a atitude demonstrada me fizeram querer conhecer melhor a empresa. Na entrevista, percebi que o anúncio estava realmente certo quanto ao pretendido e percebi que iria entrar num processo selectivo e que mesmo a formação seria selectiva. O projecto era novo, por isso, havia mais riscos. Arrisquei. Não correu como esperava, porque nem cheguei à formação. A empresa cliente fez logo a selecção antes de a formação iniciar. Acabei por ficar à mesma na empresa e a trabalhar para a mesma empresa cliente. O início foi horrível, porque não me consegui adaptar bem às funções. Eu gosto de ter autonomia no meu trabalho e, nas novas funções, isso não acontecia, o que me deixou frustrada. Nesta altura, apercebi-me de que adorava a área das telecomunicações e que não me importaria de voltar a trabalhar na mesma área. (Saí da área na expectativa de conhecer outras áreas e não me apercebi de que ia levar aquele interesse comigo. Agora já não estou na área, mas o interesse ficou comigo até hoje.) Quando não aguentei mais estar em contradição comigo mesma e decidi sair, fui surpreendida. Deram-me a oportunidade de fazer algo diferente. Estava a terminar o período de formação e ainda não tinha assinada um contrato de trabalho. Não esperava o que aconteceu. Na minha antiga empresa, quando saí, ao fim de quase 2 anos, disseram-me que era normal as pessoas irem e virem porque eram uma empresa de recrutamento, que tinham gostado do meu trabalho e que tinham pena porque não tinham nada para me propor que me pudesse fazer ali ficar. Custou-me um pouco ouvir isto, apesar de saber que eram sinceros quando diziam que tinham gostado do meu trabalho. Não esperava que noutra empresa de recrutamento em que me conheciam apenas há alguns meses tivessem uma atitude diferente. Acabei por não sair da empresa e ficar a trabalhar para a mesma empresa cliente, mas na área das telecomunicações!

As relações humanas fazem parte da alma dos negócios... Se sinto que as minhas chefias e que a minha empresa me têm em conta como pessoa e não apenas como um número, não vou arriscar sair de onde estou sem pensar bem no assunto. Já me apresentaram propostas para empregos em que poderia ganhar um pouco mais e deixar de estar em outsourcing, mas acabei por recusar as propostas e não ir a entrevistas. Cheguei a pensar se teria feito bem em recusar as oportunidades que poderiam ser mais vantajosas, mas, quando me surgiu a oportunidade de mudar de projecto dentro da minha empresa, percebi que sim.

A quem procura o seu cantinho profissional, espero que o encontrem e que tenham sucesso! Os tempos não estão fáceis, mas o importante é não desistir e percebermos que dentro de nós temos um pequeno Aquiles de Pés Velozes.

Voz de adolescente

Sofia
15
Ago20

aqui escrevi que a minha relação com a escrita foi em tempos muito conturbada e que muito do que escrevi no passado desapareceu (foi para o lixo - reciclagem - ou para lareira, quando estava armada em drama queen).

Desses tempos e escritos, restam-me apenas memórias. Ontem, tentei recuperar pequenas coisas que escrevi e que a minha boa memória decidiu reter (acho que as rimas ajudaram, se fosse com os poemas mais recentes não sei se a boa memória bastava). Não sei se fiz bem, porque desenterrei algumas coisas menos boas. Mas recuperei 3 poemas que não me trazem assim tão más recordações e que me permitem ver o meu percurso. Os poemas e pedaços de poemas que trazem recordação menos boas também me permitem ver o meu percurso. Estes casos até me permitem ver melhor o quanto cresci e o quão forte me tornei! Tratam-se de questões muito mais profundas do que a escrita. São questões sobre quem eu sou, sobre o amor-próprio, sobre o amor, sobre o sentido de tudo e o meu lugar no mundo...

É quase certo que o que aqui deixo não estará completamente idêntico ao original desaparecido, mas esta era a Ana Sofia de há mais de 10 anos, a Ana Sofia com cerca de 17/18 anos... Uma sonhadora tristemente inconformada e revoltada com a realidade... Não era tudo mau, mas a minha cabeça era um lugar terrível naqueles tempos. Fui a uma psicóloga, mas não correu bem. Há bons e maus profissionais em todas as áreas e eu não consegui ver naquela psicóloga vontade de me ajudar. Fui lá três vezes e depois fartei-me, porque senti que aquela pessoa só queria saber do dinheiro que a minha mãe pagava... Ainda assim, as três consultas tiveram um efeito positivo. (Se calhar era mesmo assim, uma terapia cognitivo-comportamental de choque, de efeito rápido.) Como tinha decidido procurar ajuda porque sabia que não estava bem e a ajuda que tive apenas me deixou furiosa, percebi que eu teria de ser a minha própria ajuda e que teria de arranjar forças mesmo que parecesse impossível. Também percebi que tinha um amor aos livros maior do que imaginava. Quando a psicóloga me sugeria ler a Bíblia e ir à missa em vez de ler Fernando Pessoa ou Al Berto, na minha cabeça eu mostrava-lhe um manguito mental. (Ainda por cima sugeriu-me isto numa altura em que eu me sentia extremamente indignada com a religião...) Ela não percebia, certamente, mas eu sabia que aquelas palavras eram o meu alento naquela tempestade e que não as podia deixar de parte. Compreendo que, quando estamos mal, é preciso ter cuidado com algumas coisas que podem ajudar a perpetuar esse nosso estado. Contudo, hoje percebo que não era isso que acontecia quando lia O Livro do Desassossego ou O Medo. Foram precisos alguns anos para perceber melhor o que aconteceu e reconciliar-me com alguns livros. Como os descobri na pior fase da minha vida, passei a associá-los àquele período e, durante algum tempo, não lhes quis pegar. Abominei a ideia da psicóloga, mas a minha cabeça fez uma terrível associação que teve de ser desfeita com o tempo. O tempo, como dizem, cura tudo. Não foi só o tempo. Contudo, o tempo foi essencial. Hoje apercebo-me de que aqueles livros me traziam momentos de felicidade no meio do desespero e que foi graças a eles que me aguentei. Senti-me compreendida nas palavras dos outros e percebi que o mundo era um lugar estranho e intenso tanto para mim como para outros. Redescobri também a beleza do mundo e acalmei o meu coração-esponja.

Não vou partilhar as coisas que me lembram mais o que é mau do que o que é bom, mas deixo-vos três poemas que escrevi quando era ainda uma jovem à procura da sua voz. O primeiro é o mais recente dos três, acho eu, e até tenho um certo carinho por ele.

 

Bailarina de Palavras

Sou uma bailarina de palavras 

Eu não danço com os meus pés 

Danço com o meu coração 

Danço com as palavras 

Danço por paixão 

 

A música que me faz dançar 

Não é de Tchaikovsky 

Ou de outro grande compositor 

São as estrelas a brilhar 

São as árvores a abanar 

 

Mas eu e a menina de rosa 

Temos algo em comum 

Ambas dançamos com alma 

Ambas sabemos sonhar 

Elevamo-nos até onde podemos 

Amor em tudo o que fazemos 

 

.................................................................................................

 

Estavam rosas de papel esquecidas no teu estendal. 

Sacudi-as, pois até parecia mal! 

Mas passou uma andorinha e levou consigo 

uma flor que não era minha... 

E se ela te fosse entregar a flor que eu ousei maltratar? 

 

A Primavera passou, mas a andorinha voltou. 

Voltou para te entregar o que eu tentara esconder 

com medo de te perder. 

 

.................................................................................................

 

E eu aqui perdida na rua 

Solto alta a voz que ecoa 

E eu aqui à beira do rio 

Sorrio perdida no meu desvario 

 

A voz que sai do meu peito 

É pequena e já sem proveito 

Mas eu canto com as estrelas do céu 

Que me beijam a face e me cobrem o véu 

 

O altar é longe daqui 

Sinto ardor quando estou a andar 

Cada passo é uma pedra 

Que queima no chão e fere a pegada 

 

Faça a fineza de lhe devolver o coração, Don Juan modernizado 

A menina precisa dele! 

 

Ana Sofia Alves