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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

Gramofone #15

Sofia
06
Jul25

Clã e Sérgio Godinho - Lá em Baixo

 

Lá em baixo ainda anda gente
Apesar de ser tão noite
Há quem tema a madrugada
E no escuro se afoite
Há quem durma tão cansado
Nem um beijo os estremece
De manhã acordarão
Para o que não lhes apetece
E há quem imite os lobos
Embora imitando gente
Há quem lute e ao lutar
Veja o mundo a andar para a frente

Lá em baixo ainda anda gente
Apesar de ser tão tarde
Há quem cresça no escuro
E do dia se resguarde
Há quem corra sem ter braços
Para os braços que os aceitam
E seus braços juntos crescem
E entrelaçados se deitam
E a manhã traz outros braços
Também juntos de outra forma
De quem luta e ao lutar
A si mesmo se transforma

E tu Maria diz-me onde andas tu
Qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
Qual de nós viu a noite
Até ser já quase de dia
É tarde, Maria
Toda a gente passou horas
Em que andou desencontrado
Como à espera do comboio
Na paragem do autocarro

 

Lá em baixo ainda há quem passe
E um sonho que anda à solta
Vem bater à minha porta
Diz a senha da revolta
Vou plantá-lo e pô-lo ao sol
Até que se recomponha
É um sonho que acordado
Vale bem quem ele sonha
Lá em baixo, até já disse
Que é que tem a ver comigo
E no entanto sobressalto
Se me batem ao postigo

E tu Maria diz-me onde andas tu
Qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
Qual de nós viu a noite
Até ser já quase de dia
É tarde, Maria
Toda a gente passou horas
Em que andou desencontrado
Como à espera do comboio
Na paragem do autocarro


Lá em baixo ainda anda gente
E uma cara conhecida
Vai abrindo no escuro
Uma luz como uma ferida
Como a luz que corre atrás
Da corrida de um cometa
E vejo vales e valados
No sopé duma valeta
Lá em baixo ainda anda gente
E uma cara conhecida
Vai ateando noite fora
Um incêndio na avenida

És tu Maria, eu sei, já sei, és tu
Qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
Qual de nós viu a noite
Até ser já quase de dia
É tarde, Maria
Toda a gente passou horas
Em que andou desencontrado
Como à espera do comboio
Na paragem do autocarro.

Brindemos aos primeiros dias!

Sofia
20
Jul20

Quando estamos em paz connosco ganhamos anos de vida. Tenho tendência para stressar demasiado, mas quero acreditar que os meus momentos de paz me vão ajudar a subir a minha média.

Sinto-me estupidamente bem porque fiz pela primeira vez um risotto. É uma coisa sem importância, mas que me deixou super bem-disposta e relaxada (se calhar o copo de Caiado branco que o acompanhou também contribuiu para isto, é verdade, mas não vamos pensar nisso).

Na primeira vez que fazemos algo novo, existe todo um nervosismo e temos tendência a dar todos os passinhos devagar. Tentamos ser rigorosos para não falhar, porque nos comprometemos a fazer algo e queremos levar tudo a bom porto. Não temos pressa, porque a pressa é inimiga da perfeição. Desfrutamos da aprendizagem e percebemos que bons resultados podem vir do tempo e da atenção. Quando o nosso empenho se transforma num bom resultado, ficamos felizes e até com algum orgulho, não há que ter vergonha em dizer.

No final da minha aventura culinária de hoje, acabei a transpirar tanto que mais parecia um alambique, mas, já o meu querido Pessoa dizia, "Tudo vale a pena / Se alma não é pequena".

Tento levar os meus dias como se fossem os últimos e os primeiros. Os primeiros, porque sei que vou dar sempre o meu melhor para não falhar. Os últimos, para não me esquecer que não há problema em falhar e que o importante é ser feliz.

Tenham uma boa noite!

 

Sérgio Godinho - O Primeiro Dia