Lembrar, sempre
Secos e Molhados - Rosa de Hiroshima
Durante os últimos dias das minhas férias, como tinha um código que me oferecia um mês da HBO Portugal, aproveitei para ver a mini-série Chernobyl. Achei-a interessante porque humaniza a História, conta-nos histórias da História. Sem se tornar maçuda, a série consegue contextualizar-nos dentro da História e da Ciência, ao mesmo tempo que nos dá lições para o presente e futuro. Para mim, é essencial manter a História viva para que não nos esqueçamos do bom e do mau e possamos evitar que o mau se repita.
Há 10 anos tive a oportunidade de participar num programa de intercâmbio no Japão. Estive na província de Nagasaki e, de entre as várias coisas que vi, impressionaram-me as casas soterradas pelas erupções vulcânicas do Monte Unzen e o Museu da Bomba Atómica de Nagasaki. Nos dois casos, senti um enorme respeito por quem perdeu a vida em situações extremas e temor pelo desconhecido que nos pode abalar de um momento para o outro, embora os contextos sejam diferentes (diferentes também do caso retratado na série, bem sei). Em ambos os casos, existe uma homenagem às vítimas, mas, no segundo caso, procurou-se ir mais longe e criar um museu em que cada visitante pudesse parar no tempo, reflectir e sair com a ideia de que algo assim não pode voltar a acontecer. Saí de lá esgotada, sem palavras, mas recomendo a visita a quem for a Nagasaki. Na memória ficaram-me imagens de pequenos objectos que sobreviveram ao desastre, de estilhaços, de relógios parados na hora em que tudo aconteceu, de vidas que se perderam e outras que nunca mais foram as mesmas. Junto ao museu, no Parque da Paz, há uma estátua que pretende lembrar-nos do caminho a seguir. Conforme alguns estudantes me explicaram naquele dia, a mão apontada para o céu pretende lembrar-nos da bomba atómica, enquanto a mão estendida pretende simbolizar a paz.
Foto: Ana Sofia Alves