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a world in a grain of sand

um mundo num grão de areia

a world in a grain of sand

Os astros lá no alto

Sofia
09
Out21

Os astros lá no alto não querem saber das nossas dores.

Mesmo quando o mundo bate dentro do nosso peito,

não temos direito a qualquer pequena contemplação.

Mesmo que as lágrimas afundem um pequeno coração,

o Universo permanece igual. Chega-se assim à conclusão:

não há nada no coração, é só sangue e carne pulsante.

Memórias de aconchego, sorrisos ou lágrimas de tristeza

são frutos da nossa imaginação. No entanto, o ritmo,

a pulsação, parece contar uma história. Parece haver

uma memória, sorrisos e lágrimas. O sangue espalha-se

por todo o corpo, a história corre-nos pelas nossas veias.

As memórias permanecem como alicerces e sentimo-nos

um edifício belo, mas degradado. Já não há tecto que nos

proteja, apenas astros lá no alto que não querem saber.

Fazemos promessas feias ao infinito quando há esperança.

Consumimo-nos até sermos apenas fumo que segue no ar.

Consumimo-nos até que a carne se desfaça em bocados,

até que o sangue que nos dá vida decida parar de correr.

Quantas histórias! Quantas pulsações! Quanta loucura!

Chamam-lhe viver. Quantas mortes? Quantas vidas?

 

Ana Sofia Alves

9 de Outubro de 2021

Não poderás viver se não te permitires / cair do céu estrelado como um meteoro

Sofia
12
Set21

Não poderás viver se não te permitires
cair do céu estrelado como um meteoro
em direcção à Terra. Os anos avançam
velozes e na crosta querem-se crateras.

A vida quer anéis de gelo, rochas e pó.
Quer explosões, luz, escuridão e
núcleos incandescentes. Quer ressoar,
quer ressonâncias, um vibrar constante
no tempo incontável e no espaço infinito.

Ana Sofia Alves
12 de Setembro de 2021